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MATÉRIA ATUALIZADA - ATÉ DIA 15-MAIO-2929 - SÁBADO - DIA DO GARI *
FUTSAL
PARANAENSE - CLUBES QUEREM TRANSPARÊNCIA
CLUBES QUEREM TRANSPARÊNCIA DA FEDERAÇÃO
- Considerada por muitos a principal modalidade esportiva do Paraná, o
futsal padece com a crise desencadeada pela pandemia da covid-19. E se até
mesmo o glamour do futebol vem sendo atingido por problemas financeiros, quem
dirá a realidade das quadras.
- Nesta reportagem, o Correio do Povo do Paraná buscou um retrato da
realidade dos clubes durante a paralisação das atividades.
- E mais: a atuação da Federação. Como as equipes avaliam a atividade da
entidade neste período? Ela tem responsabilidade financeira de ajudar seus
filiados?
A SITUAÇÃO
DOS CLUBES EM NÚMEROS
- O Campo Mourão se preparava para uma temporada de calendário cheio:
Série Ouro, Copa Paraná, Liga Paraná e Liga Nacional. A diretoria apostou.
Trouxe Sinoê, ex-Marreco. Mas a folha de pagamento, que segundo o clube era de
R$ 90 mil "mensais, foi enxugada com a suspensão das atividades
esportivas, na segunda metade de março. Dos 25 funcionários, entre atletas,
comissão técnica e demais colaboradores, ninguém foi demitido, mas os salários
foram reduzidos pela metade.
- Sem jogos, o clube não consegue entregar aos patrocinadores o retorno
midiático proposto. Pior: com as atividades comerciais repletas de incertezas,
o lucro das empresas cai, o que impossibilita o repasse. “Eu "tinha 40
patrocinadores. Hoje tenho 25”, conta o presidente do Ampére, também da Série
Ouro, Miguel de Oliveira.
DIRIGENTE
EMPRESTA DINHEIRO AO TIME
- O presidente do Operário Laranjeiras, atual campeão da Série Bronze,
Leoni Luiz Melleti, diz que a receita, então de R$ 50 mil, caiu para R$ 6,5 mil
no último mês. Para poder pagar 25% dos salários dos 20 contratados, os diretores
emprestaram dinheiro ao Rubro-Negro.
"Outro integrante da Série Prata, o Pinhão não consegue estipular
um percentual, e acerta com os jogadores conforme "o valor recebido dos
patrocinadores. “Em abril recebemos 30%”, conta o presidente Fábio Júnior dos
Santos. Dos 46 patrocinadores do início do ano, seis suspenderam os pagamentos
e alguns pagam parte do valor”, diz o supervisor do Coronel Futsal, Evandro
Tosetto.
NEM CAMPEÃO
BRASILEIRO ESCAPA
- Siqueira e Pato duelam na 1ª rodada da Série Ouro 2020. Elite foi
única divisão a ter pontapé em 2020. "Nem mesmo o bicampeão da Liga
Nacional escapou da instabilidade financeira. "O Pato, que tem folha
salarial beirando R$ 150 mil ao mês, tem acertado 60% do valor. "Nosso
fotógrafo não é contratado. Ele presta serviços. Se não há jogo, não há foto.
Como ele irá sobreviver?. Nós procuramos não pensar só no atleta. Estamos
buscando ajudar, da maneira conseguimos, os outros colaboradores”, relata o
supervisor pato-branquense Gerson Glen.
- Izaias Sirigalli, presidente do CAC, da Série Bronze, cogita
interromper temporariamente os pagamentos. “Nós temos 12 atletas. Todos da
nossa cidade (Cantagalo). No último mês, da folha de R$ 7 mil, recebemos
35%."Repassamos aos jogadores conforme este percentual”.
SALVAR A
MODALIDADE
"Assim como nós, a Federação precisa fazer sacrifícios, como cortar
salários e diminuir gastos administrativos. Ela pode estudar situações com seus
patrocinadores "para que apoiem os clubes. É hora de salvar a modalidade.
Desde o início da paralisação estamos cobrando um posicionamento neste
sentido”, refuta Anderson Hertz, gestor de equipe do Campo Mourão.
"A Federação não deve ter grande receita, mas possui o Sicredi como
parceiro. Inclusive, nos obrigaram a engolir a marca de empresa dentro das
quadras. Justamente por uma situação como essa, que a entidade deveria intervir
junto ao próprio Scredi e solicitar que nos ajude. A secretaria de Estado
também precisa olhar para o esporte. Muitos profissionais dependem dele para sobreviver. Nas reuniões, vi a Federação
preocupada com os árbitros, sendo que não são só eles os afetados”, argumenta o
presidente do Operário Laranjeiras.
- A questão envolvendo o Sicredi é questionada por outros diretores.
“Penso que a Federação deveria fazer isenção de taxas das taxas mais
significantes, diminuição do valor das arbitragens. Impuseram a logomarca do
"Sicredi na quadra de jogo, o que pode trazer até problemas pois a maioria
dos clubes usa ginásio público. Para se ter um acordo desse o contrato deve ser
‘dos bons’! E em nenhum momento os valores deste contrato com o Sicredi foi
revelado, pelo menos para mim do CAC não chegou essa informação”, diz Izaias
Sirigalli.
"Temos obrigação de ter a marca do
Sicredi exposta em duas áreas da quadra e em placas laterais. Mas por
quanto a Federação "‘vendeu’ os campeonatos para o ‘Sicredi’?
Infelizmente, acredito que falta transparência. Ela
(federação) "não expõe, por exemplo, se o campeonato foi vendido por R$
500 mil e irão gastar R$ 200 mil em premiação e o restante será utilizado em
cursos de árbitro, etc. A entidade existe por causa dos clubes. São
"eles seus mantenedores. Pagamos inscrições, taxas. Foi por conta de
situações como essa que os clubes "criaram a Liga Paraná. Lá, em toda
reunião, tomamos conhecimento de todo o dinheiro que entra e sai”, alfineta
"o presidente do CAD, de Guarapuava, Anderson Gnap.
FUTSAL
FEMININO
"O cenário da modalidade atinge todas as divisões: da Ouro à Bronze
Masculina. Na elite feminina, os projetos, que já que já contavam com recursos
escassos, lutam pela sobrevivência.
- Campeão estadual e da Libertadores Feminina em 2019, o Cianorte aparou
os ordenados de seus 22 contratados em 50%.."No rival Telêmaco Borba, o
quadro é semelhante. Lá, houve 60% de redução salarial, medida que garantiu que
todos os 27 empregados não fossem dispensados.
SEM
UNIFORMIDADE ?
- No entanto, ao que parece, não há uma uniformidade de movimento entre
os clubes. O presidente de Pinhão disse que nas reuniões em que esteve, ninguém
se manifestou sobre essas questões.
- O gestor do Pato, Gerson Glen, ex-jogador e preparador físico, com
passagem pela Seleção Paraguaia, criticou a falta de um movimento consolidado
entre os colegas da modalidade. “Vejo o pessoal do futsal compartilhando
textos, defendendo o ponto de vista deles. Eu não sei o que acontecerá com o
futsal. Nós precisamos de um movimento, com atletas, diretores, empresários,
para manter a modalidade viva. Tenho acompanhado algumas conversas sobre a
Federação. A situação dela é totalmente diferente da federação de futebol, que
têm retorno de mídia, cota de TV. Nossa Federação pode ajudar pouco. Ainda
assim, ela precisa pensar em alguma solução".
"Precisamos pensar além da Federação. Esse ano não iremos conseguir
acertar o que combinamos no início do ano com os atletas, mesmo "com
alguma ajuda. Terá que ter uma união de todos que amam o futsal, para que os
clubes sobrevivam. Se os atletas não compreenderem que o problema é geral, não
terá saída. Não é só com redução de salários. Todos querem a volta das
competições para voltarem a receber integralmente seus salários. Isso não vai
acontecer.
- A crise afetou todos os segmentos, inclusive as empresas que apoiam os
clubes. Nossa modalidade é frágil, não têm a TV, não temos união. O futsal não
têm sindicato de atletas, mas tem empresários. Esses precisam se unir e fazer
uma proposta para contribuir com os clubes. Não é simplesmente ir para a
justiça se o "clube não pagar, pensando só no atleta. Em vez de colocar
‘textinho’ no Facebook, onde todo mundo têm publicado a mesma coisa, deveria
existir um movimento real, unificado. Ou saímos fortalecidos ou puxamos só para
um lado e os clubes terão problemas com ações trabalhistas e o futsal voltará a
ter um nível baixo, com poucos clubes, trabalhando com estrutura amadora e não
é isso que quero para nosso esporte”, concluiu.
Fonte: Juliam Nazaré – Correio do Povo do
paraná via Paraná Top