* MATÉRIA ATUALIZADA * ATÉ DIA 23-JUNHO-2020 * TERÇA-FEIRA
* DIA DO
ATLETA OLÍMPICO *
FUTEBOL - NEGOCIAÇÃO DAS TRANSMISSÕES
DEBATE CONTOU COM
PAUTAS COMO CLUBE-EMPRESA E A NOVA MP 984
- Ontem – segunda-feira - dia 22/6, a 'Sports Value' realizou uma
live para debater sobre diversos aspectos importantes dos últimos 30 anos do
futebol brasileiro. Participaram da conversa o fundador e diretor geral e
administrativo da empresa, Amir Somoggi, e o fundador e editor do Lance!,
Walter de Mattos Jr.
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Walter de Mattos Jr |
- Durante a conversa, Walter de Mattos Jr. comentou
sobre a nova medida provisória (984), divulgada no diário oficial, na última
quinta, que determina que a negociação do direito de transmissão das partidas
fique com os clubes mandantes.
- Para ele, a melhor forma de obter valor para os
direitos de transmissão é quando a venda acontece de maneira coletiva, e que
não há nenhum exemplo no mundo esportivo de uma venda individual que tenha tido
êxito. Além disso, o editor afirmou que o produto pode perder seu valor com a
pulverização das transmissões em várias plataformas.
- O todo perde valor por causa dessa pulverização,
pela insegurança jurídica que nós vamos viver durante muito tempo se essa MP
for aprovada e se os clubes não conseguirem fazer uma associação, que seja pelo
menos melhor do que o Clube dos 13. Ele era um mero corretor dos direitos, mas
pelo menos, apesar dos vícios que tinha, quando vendiam, todos entregavam e não
existia essa confusão para o consumidor, de não poder ver um jogo do campeonato
- apontou Walter, e em seguida completou.
- Seria só a partir de 2025 (TV Globo tem contrato
até 2024), o que é bom, que vai dar tempo do povo baixar a bola, pensar bem,
tentar ver se não dá certo, e quem sabe a coisa em 2025 esteja mais bem
arrumada. Vamos pensar no Campeonato Brasileiro, que é a competição que estaria
enquadrada e seria mais afetada por essa legislação... O consumidor terá que em
2025 assinar 4 ou 5 plataformas para assistir o campeonato, como será isso? -
indagou.
SOBRE A NOVA MEDIDA
PROVISÓRIA (984)
- Posso assegurar o seguinte, essa medida trouxe
uma insegurança jurídica grande, porque vai ter batalha judicial. Ela é
ilusória, porque vamos olhar para o calendário. Você tem quatro grandes
competições que um clube grande disputa e no Brasileirão teria 19 datas para
vender. No entanto, você vai jogar 19 partidas fora e eventualmente serão os
jogos mais críticos e emocionantes da temporada. Você pode comprar as suas, mas
pode ter um Flamengo e Fortaleza ou São Paulo e Sport, que seja a partida mais
importante da rodada, e o espectador não vai ter esse direito. Terá que comprar
todos os pacotes para ter acesso - analisou.
SOBRE O MODELO DE
CLUBE-EMPRESA
- O que a gente precisa é criar uma nova estrutura
do futebol brasileiro, que reflita o interesse dos clubes. Os dirigentes
amadores mostraram que não estão preparados para fazer isso, para compor esses
pactos. Qual a segurança jurídica que vai ter um parceiro comercial, sabendo
que amanhã um dirigente temperamental pode levantar da mesa e proibir a
transmissão de um jogo dele ou ir à justiça. Isso acontece porque esses
dirigentes não recebem as mesmas penalizações que uma pessoa que dirige uma
empresa de esporte - salientou.
- Os dois projetos que existem, um no Senado e
outro na Câmara, são bons. Mas você pode criar proteções no sentido que o clube
tenha uma regra de ouro, que não possa mudar as cores, os símbolos, que seriam
preservados. Você pode criar outro tipo de salvaguarda como por exemplo: a
marca do clube ficaria protegida onde houver uma entidade associativa e a ela
seria feito um arrendamento de 100 anos - refletiu.
OS CASOS DE REAL
MADRID E BARCELONA
- O modelo de sociedade empresarial no futebol
funciona em todo o mundo. Dos 50 maiores clubes do mundo, apenas 3 não seguem
este modelo, entre eles dois destaques: Real Madrid e Barcelona. Eles têm que
ser vistos como exceção que confirma a regra, pois o crescimento de ambos
tiveram um viés político, e ambos optaram por não se tornarem empresas. No
entanto, diferentemente do que acontece aqui, o dirigente desses clubes não
pode sair deixando um rombo nos cofres, pois ele será penalizado, é uma outra
realidade - comentou.
O PAPEL DO GOVERNO
NESTE CENÁRIO
- Os clubes brasileiros não são clubes cidadãos,
eles não pagam seus impostos. Eles pagam milhões por um jogador, enquanto estão
sonegando o fisco. O estado brasileiro têm inúmeras carências, porém todos nós
somos cobrados e pagamos nossos impostos, mas os clubes de futebol não
pagam...E eles não pagam, pois seus dirigentes nunca foram
responsabilizados...Por isso eles têm receio de seguir o modelo comercial -
destacou.
- Os clubes continuam pautados na base associativa,
sem fins lucrativos, que hoje é uma mentira. A realidade é que são entidades
mercantis e caloteiras. Manter esse modelo não é bom para o torcedor, não é bom
para o fisco, só é bom para os dirigentes que estão no poder ou que querem um
dia chegar lá. O clube é pior gerido do que seria no modelo empresarial, o
futebol brasileiro não recebe os investimentos que poderia receber. A economia
do futebol poderia gerar milhões de novos empregos. se a modalidade se
desenvolvesse - concluiu.
O BRASIL É O PAÍS DO
FUTEBOL?
- Achamos que o Brasil é o país do futebol, mas não
é. Nós temos muito pouca atividade econômica derivada da modalidade e tudo isso
acontece porque o nosso futebol está entregue a amadores. Alguns apaixonados,
devotados, outros competentes, incompetentes, mas muitos que só se beneficiam
do futebol - afirmou.
SOBRE A COPA UNIÃO 87
ORGANIZADA PELOS CLUBES
- Em 87, nós demos um passo, que realmente poderia
ter sido transformador. A Copa União foi uma revolução naquele momento, pois a
CBF não tinha condições de organizar o Campeonato Brasileiro... e os clubes
tiveram o apoio da televisão. Então, aquilo uniu alguns ingredientes que
tiveram na Premier League (92). Só que aqui no Brasil, diferentemente de outros
países, não houve a mudança no modelo de propriedade dos clubes - explicou.
A IMPLOSÃO DOS CLUBES
DOS 13
- A implosão do Clube dos 13 é um movimento
criminoso que unia Marcelo Campos Pinto, do lado da Globo, que era o grande
provedor de dinheiro, com Ricardo Teixeira e os seus sucessores, que acabaram
presos. Esse conluio foi o que colocou o futebol brasileiro durante mais de 20
anos no mesmo modelo, em que a CBF explora a seleção brasileira. Os dirigentes
de clube são oriundos do modelo associativo, onde são eleitos por conselheiros
por meio do voto. Eles são da mesma natureza da política nacional e reproduz
sua superestrutura, onde há troca de favores... Com 27 federações, pagam
mesadas a elas e elas elegem os presidentes da CBF - apontou.
ATUAL CALENDÁRIO DO
FUTEBOL BRASILEIRO
- O clube disputa o Campeonato Brasileiro, que é a
competição master do ano, e deveria começar no início da temporada, ser a
grande abertura. Ele poderia durar de nove a dez meses e todo resto do
calendário ser feito em torno dele e preferencialmente só nos finais de semana.
São 38 datas, daria perfeitamente para fazer uma pré-temporada e ter o
Brasileiro - finalizou.
SOBRE A SPORTS VALUE
- Por fim, vale destacar que a 'Sports Value' é uma
empresa especializada em marketing esportivo, branding, patrocínio e avaliação
de ativos esportivos. Com isso, ela utiliza uma metodologia própria e premissas
extremamente consistentes para compreender o mercado do futebol e contribuir
para avanços significativos na melhoria da modalidade.
Fonte: CBF - Confederação Brasileira de Futebol