MATÉRIA ATUALIZADA ATÉ DIA 28 DE DEZEMBRO DE 2012 * SEXTA-FEIRA
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA
DE BASQUETE
EM MEIO À CRISE DO SETOR DE ENERGIA, MINISTÉRIO DO ESPORTE SOCORRE
A CBB
- Confederação Brasileira de
Basquete terá contrato renovado pela metade com Eletrobras, e órgão do governo
federal ajuda entidade até 2016
- Hortencia teme que planejamento
para 2013 não seja aprovado
- A grave crise no setor de
energia no país ameaça deixar o basquete brasileiro no breu. Após retirar o
investimento no Novo Basquete Brasil (NBB) e na Liga de Basquete Feminino
(LBF), a Eletrobras reduziu quase pela metade a proposta de renovação de
contrato com a Confederação Brasileira de Basquete (CBB). Os R$ 13 milhões de
2012 caíram para R$ 7,5 milhões por ano, por quatro anos, com possibilidade de
reajuste. Apesar da drástica redução, a assinatura do novo acordo está prevista
para o início do próximo ano, quando a parceria completa uma década.
- Diante da situação, o
Ministério do Esporte precisou socorrer a entidade. As seleções sub-19 e
adultas terão seus planejamentos garantidos, dentro do Plano Brasil Medalhas
2016. A Liga de Desenvolvimento do Basquete (LDB), competição para jogadores de
até 22 anos, tem sua segunda edição bancada novamente pelo órgão do governo. A
ajuda vai além, como disse o secretário nacional de esporte de alto rendimento,
Ricardo Leyser.
- O governo está empenhado em
conseguir outra estatal para o basquete – disse.
- O socorro ajuda, mas não
resolve. A situação preocupa a diretora de seleções femininas da CBB,
Hortencia. Tirando a seleção sub-19, com a redução do patrocínio será difícil
preparar as outras seleções de base de maneira ideal para as competições
internacionais. De acordo com a dirigente, corre-se o risco de perder gerações.
- Fico um pouco mais tranquila
com a ajuda do Ministério do Esporte. Mas não sei quando esse dinheiro vai cair
na conta. E as outras seleções de base estão descobertas. A Eletrobras não tem
culpa nenhuma. Nós é que estamos no lugar errado, na hora errada e com o
patrocinador errado. Se há um monte de empresas estatais patrocinando as
confederações, alguma tem que patrocinar a gente. O vôlei tem R$ 70 milhões por
ano por méritos próprios. Imagina o basquete com esse dinheiro! - disse
Hortencia, que admite deixar a entidade caso a situação não melhore.
- Eu não sou de pular do
barco, mas como faz para resolver esse problema?
- A Eletrobras está reavaliando todos os seus
contratos de patrocínio desde a aprovação da Medida Provisória 579 – que vai
reduzir o preço da eletricidade em cerca de 20% a partir do ano que vem. Antes
disso a relação com a CBB já passava por períodos de apagões. Alguns repasses
da estatal demoraram a sair, o que levou a entidade a quase entrar na Justiça. -
A empresa alega que adota uma metodologia própria para gestão de contratos de
patrocínio, através de auditoria interna e da fiscalização da Controladoria
Geral da União e do Tribunal de Contas da União, o que também aumenta o
controle dos gastos. Situação que gerou críticas do ex-diretor de marketing e
atual consultor técnico da CBB, José Carlos Brunoro. Perto da renovação, porém,
ele adota um discurso mais conciliador.
- Entendo que fui um pouco
duro porque não estava ciente da situação da Eletrobras. Já passamos por alguns
acidentes de percurso, mas agora a relação não está mais desgastada. Houve uma
mudança de mentalidade deles. E eles acham importante continuar no basquete.
Estamos muito bem com esse novo grupo que negocia conosco. Haverá um memorial
descrevendo tudo o que pode e o que não pode, para não haver nenhuma surpresa
das duas partes – disse Brunoro.
- Diante de maus resultados
nas categorias de base da seleção brasileira este ano, o bronze no mundial
sub-19 feminino de 2011 é citado como exemplo por Brunoro e Hortência. Para
subir ao pódio no Chile, a equipe conseguiu treinar por seis meses. Além da
medalha, a pivô Damiris foi eleita melhor jogadora da competição.
- Não queremos achar um
culpado disso. O que nos deixa bastante preocupados é que idealizamos um
projeto que consideramos ideal: treinar as equipes de base por pelo menos
quatro meses e permitir que os treinadores possam viver do basquete - diz
Brunoro.
- Em um momento em que as
estatais aumentam os investimentos nas confederações, visando aos Jogos
Olímpicos de 2016 (confira a tabela acima), Brunoro lamenta a situação da
Eletrobras. Mas segue em busca de um patrocínio que salve o planejamento de
2013: algo em torno de R$ 10 milhões por ano até as Olimpíadas do Rio de
Janeiro.
- Tem bastante gente com
interesse em se associar ao basquete – garante.
Fonte: globo.com