MATÉRIA ATUALIZADA ATÉ DIA 27 DE JANEIRO DE 2015 * TERÇA-FEIRA
MINISTERIO DO ESPORTE: MINISTRO ABRIU
DIÁLOGO
LÍDER DE GRUPO CRÍTICO, ANA
MOSER ELOGIA NOVO MINISTRO: "ABRIU DIÁLOGO"
GEORGE HILTON - MINISTRO |
- Quando o mineiro George Hilton foi anunciado como o novo ministro do
Esporte, em dezembro do ano passado, um grupo formado por nomes influentes do
setor se posicionou firmemente contra a indicação. O Atletas pelo Brasil,
entidade não-governamental que "trabalha pela melhoria da política
esportiva no Brasil", afirmou em comunicado que "a Presidente Dilma
abriu mão de uma oportunidade de melhorar a gestão do esporte. Decepcionou todo
um setor de atletas, jornalistas, empresários, organizações, trabalhadores e
amantes do esporte em geral".
ANA MOSER, ELOGIA MINISTRO |
- Pouco mais de um mês depois, o discurso começa a mudar. Em entrevista
ao UOL Esporte, Ana Moser, líder do movimento, admitiu que a postura de Hilton,
inicialmente, é positiva. As críticas ao nome do pastor da Igreja Universal,
porém, não foram esquecidas. A afirmação de que um nome sem qualquer
proximidade ao esporte representa um desprestígio e custará tempo e recursos ao
Ministério segue válida. Mas a abertura ao diálogo, sinalizada pelo convite a nomes
com experiência no assunto, como Lars Grael na Comissão Nacional de Atletas,
chega como boa notícia.
ORIGEM DAS CRÍTICAS À
INDICAÇÃO DE GEORGE HILTON
- "O novo ministro é um nome desconhecido do esporte. E o PRB era um
partido da base governista. A imagem que ficou é que o (Ministério do) Esporte
entrou na cota dos partidos da base. Vimos uma estratégia política, não uma
visão ideológica para a pasta. Para nós, foi uma falta de cuidado, um
desprestígio".
- "Como uma pasta que está tão em evidência, responsável por
entregar, em um ano e meio, os Jogos Olímpicos, pode ser tratada assim? O
responsável precisa ter um mínimo de vivência no esporte. Não precisa ser
atleta, técnico ou dirigente, mas tinha de ter histórico. Quando isso não
acontece, tudo começa do zero. E começar de novo é custoso. Aprender envolve
tempo e recurso. Não existiu uma visão estratégica. Comparando com a Cultura, a
diferença é grande. O Juca (Ferreira) já tinha sido ministro. As pessoas podem
considerar a visão dele sobre o assunto boa ou ruim. Seu nome pode agradar ou
desagradar. Mas existe uma maneira de pensar a cultura. No esporte, isso não
aconteceu".
POSTURA DO MINISTRO
AGRADA
- "O que o ministro vem fazendo é se abrir para conversar. Tentando
entender o contexto. Se por um lado o esporte reagiu com indignação ao seu nome
porque não era do setor, por outro, existe um diálogo maior do que existia. Ele
vem fazendo o que deveria fazer: aprender sobre o tema e conversar com quem
está nesse mundo"
ESPERANÇA DE DIÁLOGO
MAIOR
- "O Ministério entrou em contato comigo. Devemos conversar. É o
momento de retomar o contato. Se entrou alguém sem bagagem, se ele é novo,
abre-se uma possibilidade de um novo procedimento. Com o Aldo (Rebelo), existia
diálogo, mas as ações estavam completamente voltadas para a realização da Copa.
E para políticas autorais. Foram feitos investimentos muito altos em centros de
treinamento e no financiamento das equipes olímpicas. Não foi dada continuidade
às questões que tínhamos sugerido nas Conferências do Esporte (encontros
oficiais, previstos em lei, para discutir a políticas esportivas para o
país)"
FOCO NO ALTO
RENDIMENTO NÃO CRIA LEGADO
- "O Brasil tem recursos limitados em todos os sentidos. Temos de
otimizar isso com uma boa gestão. Definir melhor as responsabilidades de cada
setor. Temos Lei de Incentivo, convênios diretos, Lei Piva, patrocínios
estatais... Tudo voltado para o COB e para as Federações, com mais de 70% indo
para o alto rendimento. E não existe nenhuma corresponsabilidade para
estruturar o esporte em outras dimensões. Só cuidam da ponta e esquecem a base
da pirâmide do esporte. Não cuidam de campeonatos menores, dos clubes onde são
criados os atletas ou dos recursos humanos".
SONHO É CRIAÇÃO DE UM
PROJETO ESPORTIVO INTEGRADO
- "Existem prefeituras, entidades não-governamentais e empresas
fazendo bons trabalhos. Mas nada alinhado. É um salve-se quem puder. Não há
controle, por exemplo, de quantas horas cada criança faz educação física nas
escolas públicas. A OMS fala em 75 horas por semana. E temos sedentarismo e
obesidade batendo à porta, criando custos de milhões de reais na saúde. O que
esperamos do Ministério? Um esforço para se criar um plano conjunto entre
esporte, educação e saúde, e incluir a sociedade civil, para abordar o
tema".
- "É possível pensar em chegar a 2016 com um sistema esportivo
implantado. Temos estrutura, mas para isso, precisamos unir todas as pontas.
Temos prefeituras bancando equipes de alto rendimento, governos estaduais
bancando alto rendimento, o governo federal bancando a mesma coisa. Será que
isso é função de todos? Temos de deixar claro qual a função de cada área. Se as
prefeituras souberem que a função delas é fomentar o esporte escolar, ela
poderá fazer um plano muito mais concreto de investimento".
- "Nós rodamos o Brasil com os projetos do Atletas e do IEE
(Instituto Esporte e Educação) e sabemos que existem boas iniciativas. É
preciso ordenar tudo. A sociedade brasileira está pronta para isso. Conversamos
com várias instituições, como Sesc, Sei, e secretarias estaduais e municipais e
todos enxergam a demanda de um plano nacional do esporte. Hoje, ninguém sabe
quem resolve, quem aponta qual o caminho para se trabalhar. E essa é uma função
do Ministério".
Fonte: UOL