MATÉRIA ATUALIZADA ATÉ DIA 8 DE MAIO DE 2015 – SEXTA-FEIRA – DIA DA
VITÓRIA
RIO 2016 - OBRAS NÃO INICIADAS
A 455 DIAS DA ABERTURA, RIO AINDA TEM OBRAS
NÃO INICIADAS
- RIO DE JANEIRO (Reuters) - Com menos de 500 dias faltando para o Rio de
Janeiro sediar os Jogos Olímpicos, a construção de vários locais de competição
ainda não começou e algumas licitações sequer foram realizadas, o que aponta
para um cenário de obras de última hora que provavelmente farão os gastos
subirem.
- Pode parecer um roteiro familiar em eventos esportivos de grande porte.
À medida que o início se aproxima, as manchetes invariavelmente se concentram
nos atrasos e na correria para tudo ficar pronto a tempo, e mesmo assim as
competições transcorrem sem grandes tropeços.
- Mas a Olimpíada Rio-2016 pode se tornar um dos casos mais preocupantes
de preparativos em cima da hora já vistos, resultando em uma corrida contra o
tempo que pode acabar inflando o orçamento atual de quase 40 bilhões de reais e
aumentará o fardo sobre a já fragilizada economia brasileira.
- A esta altura da reta final para a Olimpíada de Londres-2012, quase 80
por cento das instalações e da infraestrutura tinham sido finalizadas. No Rio,
só cerca de 10 por cento dos 56 projetos olímpicos em construção, reforma ou de
energia estão prontos.
- Embora essa última cifra exclua os 11 estádios já existentes e que não
precisam de reformas, os números enfatizam um atraso nos preparativos que pode
colocar o Rio ao lado de Atenas, onde só metade dos locais estavam prontos
cinco meses antes do início dos Jogos de 2004. Na capital grega, itens que não
eram considerados essenciais, como o teto do centro aquático, foram deixados de
lado, e os paisagistas só terminaram seu trabalho no dia da cerimônia de
abertura.
"Ainda há muito a ser feito", disse Michael Payne, que
trabalhou no Comitê Olímpico Internacional (COI) durante mais de 20 anos e
ajudou o Rio a conquistar a sede dos Jogos, acrescentando que obras de última
hora parecem inevitáveis.
- No Brasil, qualquer aumento no custo total será difícil de engolir em
um momento de desaceleração econômica e de tentativa de ajuste fiscal. A
revolta da população com o preço inflado dos estádios da Copa do Mundo de 2014
foi um dos motivos que levaram mais de um milhão de pessoas às ruas em 2013.
- O escândalo de corrupção da Petrobras, que implicou várias empreiteiras
tocando obras para a Olimpíada, aumenta as chances de atrasos.
- Até agora, as empresas e o governo dizem que o escândalo não afetará o
evento, mas algumas empreiteiras menores já pediram concordata e a restrição de
acesso ao mercado de créditos pode transformar a obtenção de recursos em um
pesadelo para as construtoras.
"NÃO
HÁ PROBLEMA"
- O governo brasileiro, como fazem todas as sedes olímpicas, garantiu que
irá financiar quaisquer custos adicionais. Na arrancada final para a Olimpíada
de Atenas-2004, durante a qual as obras eram feitas em três turnos, o orçamento
inicial dobrou para 11 bilhões de dólares. Economistas dizem que as dívidas que
o país assumiu para sediar os Jogos contribuíram para o declínio financeira que
assola a Grécia atualmente.
- É verdade que seria mais fácil para um país do porte do Brasil absorver
um aumento nos gastos. O orçamento total estimado, mesmo com grandes projetos
de infraestrutura como novas estações de metrô e uma revitalização da região
portuária, mal chega a 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Na Grécia, o custo final foi de quase cinco por cento do PIB do país naquele
ano.
"Quanto mais você espera, mais caro fica", afirmou Bent
- Flyvbjerg, professor da Universidade de Oxford especializado em grandes
projetos de construção, acrescentando que as empresas contratadas podem exigir
preços maiores para trabalhos urgentes.
- As autoridades brasileiras minimizam as críticas, dizendo que as
comparações com outras Olimpíadas são enganosas. Elas lembram a realização da
Copa do Mundo de 2014, um sucesso apesar de alguns estádios terem sido
entregues mais tarde do que em qualquer outro Mundial.
"Londres e Rio são muito diferentes. As leis são diferentes, os
processos são diferentes. Somos um país em desenvolvimento e temos nossas
características", disse Marcelo Pedroso, presidente em exercício da Autoridade
Pública Olímpica.
"Posso dizer com tranquilidade que não há problema na situação atual
dos nossos preparativos".
Fonte: Reuters