MATÉRIA ATUALIZADA ATÉ DIA 22 DE DEZEMBRO
DE 2015 – TERÇA-FEIRA
HANDEBOL BRASILEIRO PRECISA
MELHORAR
LIÇÕES DO MUNDIAL DE HANDEBOL: BEM COTADO, BRASIL PRECISA MELHORAR
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O handebol feminino segue como uma das apostas do Brasil para os Jogos
Olímpicos do Rio de Janeiro, mas o Mundial da modalidade, disputado na
Dinamarca, ligou o sinal amarelo. Eliminada nas oitavas da competição, a
seleção verde-amarela mantém todo o respeito adquirido com o título na edição
anterior do torneio, mas precisa melhorar em alguns pontos para tentar uma
medalha em 2016.
- Veja, abaixo, que
lições o Brasil pode tirar do Mundial Feminino:
PREPARAÇÃO
PRECISA SER MELHOR
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Por diferentes motivos, o Brasil não conseguiu chegar à Dinamarca na ponta dos
cascos. O principal problema foi o acúmulo de lesões. Mayara, Samira e Hannah
sequer puderam ser convocadas, Duda e Dara passaram boa parte do ano paradas e
Fernanda chegou ao Mundial sofrendo com uma lesão muscular na coxa.
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Os problemas atingiram quase metade do elenco, que não estava em sua melhor
forma no principal torneio do ano. Também não ajudou em nada o calendário
errático em 2015. A seleção foi cheia de desfalques ao Pan, só conseguiu
disputar alguns amistosos no segundo semestre e fechou a fase de treinamento
com a desastrosa passagem por Brasília, quando só um dos três amistosos
marcados pôde acontecer por conta de goteiras no ginásio local.
POLÍTICA
TEM DE ESTAR MAIS AFINADA
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Não há nenhum indício de que o entrevero tenha atrapalhado o time na Dinamarca,
mas as declarações do técnico Morten Soubak e as respostas do presidente da
CBHb, Manoel de Oliveira, mostra que nem tudo está em paz. Em entrevista ao UOL
Esporte, o dinamarquês atestou que o handebol no país só piorou após o título
mundial de 2013.
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A fala calou fundo na entidade, que passou a ser pressionada. Mesmo sem
discordar da maior parte dos pontos apontados por Morten, Manoel de Oliveira
deu entrevista ao ESPN.com.br criticando o treinador e colocando seu cargo em
xeque. As partes precisam, até 2016, entrarem em um acordo para que a animosidade
não se reflita em quadra.
NÃO HÁ
FAVORITOS
Não
que o Brasil já não soubesse disso antes do Mundial. Justiça seja feita, a
frase mais repetida por Morten Soubak antes do início do torneio era de que o
Brasil não era essa potência que a imprensa no país desenhava. O dinamarquês
alertava que, além dos atuais campeões, pelo menos outros oito times tinham
chance.
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E foi exatamente o que aconteceu. Dos quatro semifinalistas, somente a Noruega
estava entre os grandes favoritos antes do início do Mundial. Holanda, Romênia
e Polônia, que completaram o top 4, eram apontados no máximo como forças
secundárias. Brasil, Montenegro e Dinamarca, bem cotados, caíram antes da reta
final de forma surpreendente. Para 2016, a atenção tem de ser redobrada contra
adversários como a Romênia, que acabou derrubando a seleção.
TORCIDA
PODE FAZER A DIFERENÇA
Embora
a dona da casa Dinamarca tenha caído nas quartas, o Mundial mostrou que o apoio
do público pode, sim, ser fundamental. O Brasil, diga-se, viveu isso na pele
contra a Romênia, que levou uma barulhenta torcida do Leste Europeu até a
Escandinávia.
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No duelo entre as duas seleções pelas oitavas, o caldeirão criado no ginásio em
Kolding ajudou a potencializar o dia ruim que viviam as jogadoras do Brasil. No
ano que vem, será a vez da seleção verde-amarela ter o público ao seu lado. Se
souber usar essa força a seu favor, o time pode desequilibrar duelos mais
complicados nas arquibancadas.
TIME PRECISA
DE MAIS OPÇÕES
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Embora a geração atual seja inegavelmente talentosa e vencedora, o Brasil já
sente falta de um elenco mais amplo. A má fase de Alê, a lesão de Fernanda e a
irregularidade das reservas fizeram que as pontas da seleção fossem pouco
utilizadas ao longo do Mundial na Dinamarca.
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O resultado foi um show de erros de finalizações ao longo dos seis jogos
realizados e uma armação muito dependente do talento de Ana Paula, disparada a
melhor jogadora do Brasil no torneio. Para 2016, a equipe precisa ter mais
alternativas para duelos de xadrez como a partida contra a Romênia, em que as
rivais estudaram e conseguiram parar o ataque verde-amarelo.
DUDA RECEBE PRÊMIO E APOIA TÉCNICO
EM TROCA DE FARPAS COM CONFEDERAÇÃO
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Morten Soubak fez duras críticas à estrutura do handebol brasileiro. Depois da
eliminação do Brasil no Mundial de handebol na Dinamarca, o presidente da CBHb
(Confederação Brasileira de Handebol), Manoel de Oliveira, rebateu. No meio da
troca de farpas, Duda Amorim, a melhor jogadora do mundo em 2014, sabe quem
apoiar.
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A armadora falou à imprensa no intervalo da final do Mundial, entre Noruega e
Holanda, quando recebeu o cheque de 10 mil euros pelo prêmio individual
referente à temporada passada. Em um primeiro momento, ela tentou se esquivar
da polêmica.
"Eu
não ouvi o que ele falou exatamente. Se ele falou que a situação está ruim, é a
verdade. Agora se ele atacou a seleção, aí eu não sei porque é o lugar onde ele
trabalha", disse Duda. Quando foi alertada pelos jornalistas de que as
críticas não foram direcionadas ao time, se sim à estrutura do esporte no país,
ela se posicionou de maneira mais incisiva.
"Isso
é uma verdade. Acredito que a gente não precisa se magoar por isso.
Infelizmente é a nossa realidade. Talvez a presidência levou isso como sendo um
ataque, mas para mim é só a realidade. Infelizmente nosso handebol não evoluiu
e a nossa liga não é boa", disse Duda.
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A polêmica começou com a entrevista que Morten Soubak concedeu ao UOL Esporte.
"Antes, diziam: 'Vocês vão ter algo depois de conquistarem um título'. Não
é verdade. O handebol do Brasil só piorou depois do Mundial de 2013. A Liga
Nacional tem poucos times e é muito curta. Eu não vejo clubes, cidades ou
Estados investirem no handebol. É só fala", disse o treinador, um dia
depois da estreia da seleção no torneio.
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A CBHb contra-atacou somente depois do fim da participação brasileira. Na
semana passada, em entrevista ao ESPN.com.br, Manoel de Oliveira disse ter sido
pego de surpresa com a fala de Morten e discordou de que o handebol brasileiro
tenha piorado, ainda que tenha concordado com as críticas do técnico à Liga
nacional.
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O cartola ainda foi mais longe ao deixar o futuro de Morten no cargo da seleção
em aberto. Apontado de maneira quase unânime por todos da seleção como o
responsável pela evolução brasileira até o título mundial de 2013, o treinador
agora está em xeque até para a Rio-2016.
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A fala de Duda é um apoio importante a Morten. Uma das mais experientes, a
armadora é líder do elenco e foi a única brasileira convidada a participar da
cerimônia de encerramento do Mundial. O prêmio individual, no fim, serviu de
compensação diante da frustração com o resultado.
"É
amargo assistir a essa final, mas também é importante individualmente. Para o
grupo é ruim porque a gente sabe da nossa capacidade. Para a gente foi uma
decepção, nosso grupo sabe que podia mais. Agora é olhar pra frente e pensar a
Olimpíada", disse Duda.
Fonte:
UOL Esporte