16.4.20

FUTEBOL FEMININO - FIFPro ALERTA PARA MEDIDAS DE PROTEÇÃO


Covid-19: FIFPro «preocupada» com corte unilateral de salários dos ...

* MATÉRIA ATUALIZADA ATÉ DIA 16 DE ABRIL DE 2020 * QUINTA-FEIRA * DIA MUNDIAL DA VOZ *
FUTEBOL FEMININO - FIFPro ALERTA
PARA MEDIDAS DE PROTEÇÃO
ANÃLISE E SUGESTÕES PARA O FUTEBOL FEMININO


- Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de Futebol (FIFPro) demonstrou preocupação com o impacto da pandemia de coronavírus no futebol feminino.
- Em documento publicado nesta quinta-feira (16/4), a entidade coloca que o Covid-19 atingirá com mais força aqueles que já estavam situados em condições precárias, com poucos recursos e com poucas reservas a recorrer. Nesse meio, está a modalidade.
Pin em minha pasta- No estudo, há inclusive o temor de que a situação atual represente uma "ameaça quase existencial" ao jogo das mulheres, se não houver considerações para proteger a indústria do futebol feminino.
- E cita as ligas profissionais menos estabelecidas, baixos salários, menor escopo de oportunidades, acordos de patrocínio desiguais e menos investimento corporativo como pontos negativos, enfraquecendo o ecossistema da modalidade.
- A FIFPro também salienta que a falta de contratos escritos, a duração de curto prazo dos acordos de trabalho, a falta de seguro de saúde e cobertura médica e a ausência de proteções básicas e direitos deixa muitas jogadoras - algumas das quais já estavam à margem - em grande risco de perder seus meios de subsistência.
- Sinais desse impacto da pandemia já começaram a ser sentidos em janeiro de 2020 quando as eliminatórias asiáticas para os Jogos Olímpicos acabaram sendo transferidas de Wuhan, na China, para Sydney, na Austrália, justamente pela quarentena aplicada no primeiro local. O efeito dominó se seguiu com torneio amistosos de seleções sofrendo alterações em março. O Brasil precisou jogar com portões fechados diante do Canadá no Torneio da França. Em Portugal, a Itália teve que abrir mão da final.
- Ainda, de acordo com a FIFPro, as jogadoras começaram a ter preocupações em relação às mensagens que recebiam de seus clubes. Em relatos à organização, disseram que há uma disparidade na maneira como as atletas estão recebendo as informações sobre o atual momento e a situação em suas equipes. Algumas recebem atualizações frequentes, enquanto outras quase nada. A entidade salienta:
"Deixar essas pessoas-chave isoladas em um momento tão perigoso não é apenas decepcionante, mas também míope no desenvolvimento de uma indústria justa e sustentável a longo prazo".
- A FIFPro coloca que é vital o esclarecimento para o bem estar mental das atletas, que já convivem com uma carreira incerta muitas vezes e também curta.
- Há ainda a preocupação com as jogadoras que estão fora de seu país de origem e, por isso, nesse momento de receio, podem estar mais frágeis justamente por não assegurarem respostas concretas.
- A entidade salienta que muitas já tiveram experiências com clubes anteriores à beira da falência ou em incerteza em torno de salários e, por aguentarem isso, fizeram parte do crescimento da indústria do futebol feminino e a transição para a profissionalização.
"Foi uma longa jornada, e é difícil para as jogadoras verem o ganho reconhecimento e visibilidade em risco".
- A disparidade também se faz presente em outro cenário, conforme a FIFPro. Enquanto jogadores de maior poder aquisitivo, mesmo em quarentena, têm possibilidade de ter academia em casa e manter a forma, entre as mulheres, o bloqueio é desafiador sem as instalações adequadas. Mas elas sabem que, quando o esporte voltar, elas serão cobradas pelo mesmo alto nível. A federação coloca que o fator gera uma pressão mental e física maior.
"O retorno ao futebol trará um desafio, provavelmente com um cenário curto de pré-temporada e uma pausa significativamente reduzida após a temporada concluído.
- Para atletas que experimentaram o Covid-19, o potencial a ser imunocomprometido é significativo e deve ser considerado ao determinar a prontidão".
- A entidade coloca que o futebol feminino ainda é visto por muitos clubes e federações como custo, mas é um ativo de grande valor. Para dar alternativas à nova realidade, a FIFPro lista tópicos que podem ser aplicados até mesmo pelo impacto da pandemia:
* Aproveitar esse valor investindo no jogo das mulheres em vez de reduzi-lo. Procurar caminhos inovadores que impulsionem, em vez de prejudicar, o capital social por trás do jogo. Avançar ou até 'saltar' os principais problemas, criando ambientes de trabalho nos quais as jogadoras não são exploradas, seus direitos são valorizados e com total respeito. O impacto resultante será prosperidade e sucesso a longo prazo em todo o espectro dos negócios do futebol.
* O interesse comercial no futebol feminino vem crescendo, além das transmissões de campeonatos. Mesmo sem muitos dados sobre o recuo desses investimentos, há o temor de um enfraquecimento desse setor. A solução dada pela FIFPro é limitar o dano dando prioridade ao futebol feminino em relação a instalações (locais de jogos), horários de transmissões e situações que permitam aos fãs que assistam aos jogos, patrocinadores gerem receita e emissoras alcancem audiência.
* Outro ponto é colocar jogos internacionais como peças chave para reconstruir a indústria do futebol feminino já que foi visto recentemente o poder desses confrontos tendo como exemplo a última Copa do Mundo, com recordes de audiência. Com isso, reconquistar a visibilidade e o poder comercial, que estava em crescimento.
- Os avanços assegurados com as ligas locais são colocados como em perigo pela FIFPro, que alerta para a possibilidade de retrocesso. Com bases estruturais sólidas e seguras para a sustentabilidade a longo prazo, algumas ligas e clubes de mulheres estão liberando jogadoras, cortando contratos e fechando.
- A sugestão dada é que se construa uma visão comum que une estratégias e implementações nacionais e intervenções reguladoras para alcançar crescimento e emprego sustentáveis.
- Impulsionar o crescimento e as oportunidades através da inovação e investimentos de longo prazo que priorizam a proteção dos empregos e da carreira no feminino.
- No estudo, a FIFPro também teme pela ausência de proteção básica das trabalhadoras e dos direitos que deveriam existir. Em época de pandemia, elas ficam ainda mais vulneráveis. A sugestão é implementar e fazer cumprir padrões globais da indústria para condições de trabalho no futebol feminino.
- No relatório global de emprego na modalidade em 2017, a FIFPro revelou que apenas 18% das jogadoras no mundo eram profissionais, de acordo com as regras da FIFA - atendem aos critérios de ter uma contrato escrito e sendo pago por sua atividade futebolística. O restante, 82%, seriam consideradas amadoras.
- A pandemia agora expõe que os direitos das jogadoras sem esses contratos estão em risco, pois são excluídas do escopo das proteções e políticas nacionais de emprego e medidas de apoio. Além disso, jogadoras sem status profissional reconhecido são incapazes de ingressar em sindicatos, o que limita suas possibilidades de se envolver no diálogo social necessário com os empregadores para suas condições nesta crise.
- Ainda no estudo de 2017, foi revelado que a duração média de um contrato de uma jogadora é de 12 meses e 47% delas nem contrato têm. Os números são a base para a FIFPro demonstrar preocupação com o cenário incerto apresentado pelo futebol feminino no momento atual e o perigo às atletas.
- O reagendamento de competições e ligas terá implicações significativas para a carga de trabalho das atletas e a qualidade dos jogos deve ser preservada, de acordo com a federação. No retorno, o futebol provavelmente precisará realizar confrontos dentro de janelas mais apertadas para compensar o tempo perdido.
- A FIFPro salienta que os intervalos fora de temporada devem ser protegidos. Períodos de descanso e recuperação adequados devem ser avaliados e garantidos dentro da formatação de novos horários. Isso pode ser um agravante até pela falta de proteção legal de muitas atletas que não têm contratos profissionais.
- Baseado em todos os aspectos apresentados, a FIFPro sugere ações urgentes dos órgãos e comunidade do futebol para garantir um planejamento adequado na volta do futebol feminino:
* Usar esta crise como uma oportunidade para resolver as deficiências do futebol feminino profissional e estabelecer padrões globais de trabalho para as condições de trabalho dos atores.
* Aplicar medidas e condições financeiras especiais para jogadoras, clubes e competições onde necessário.
* Garantir que os investimentos pré-crise sejam garantidos e não sejam retirados pelas empresas para que se possa sustentar a modalidade e até impulsionar.
* Exigir que nenhuma pessoa com base em seu gênero seja excluída de qualquer incentivo financeiro, programa de remuneração ou atividade que recebe assistência financeira.
* Desenvolver sistemas de solidariedade e apoio na indústria do futebol para ajudar a garantir que jogo das mulheres não sofra danos extremos.
* Situar a indústria do futebol feminino para inclusão no financiamento do governo, particularmente para organizações vulneráveis como clubes pequenos e médios e futebol feminino mais amplamente.
- Ao final, a FIFPro conclui que é necessário as jogadoras como pessoas e trabalhadoras e evitar o desemprego e a recessão em massa.
- A indústria do futebol feminino exigirá inovação e intervenção de todo o setor privado e setores públicos, de formuladores de políticas e órgãos governamentais, a empresas de radiodifusão e patrocinadores.
- O objetivo final, de acordo com a entidade, será, a partir da crise em razão da pandemia, criar uma base sólida para enfrentar situações adversas no futuro com mais segurança.
Fonte: globoesporte.com/Dona do Campinho/por Cíntia Barlem