* MATÉRIA ATUALIZADA
- ATÉ DIA 27-MAIO-2020 - QUARTA-FEIRA - DIA DO PROFISSIONAL LIBERAL *
FUTEBOL - CBF SEM
DATA DE VOLTA
SEM DATA PARA VOLTA
DO BRASILEIRO QUE PODERÁ PASSAR ATÉ 2021
Walter Feldman - secretário-geral da CBF |
- Quem
é fã de futebol deve ter uma virada de ano bem diferente. Com jogos entre o
Natal e o Ano Novo e também no início de janeiro, o Campeonato Brasileiro terá
um calendário modificado por causa da longa paralisação pela pandemia do novo
coronavírus. Quem revelou esses planos foi o secretário-geral da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF), Walter Feldman, em entrevista exclusiva ao Estadão.
- A
entidade ainda não sabe quando poderá retomar as competições, mas tem claro que
só vai retomar o calendário após receber autorização do Ministério da Saúde.
Segundo Feldman, por enquanto o trabalho é o de atualizar um protocolo de
cuidados médicos, dialogar com clubes e federações e garantir que nenhuma
pressão política vai apressar o retorno das atividades do futebol brasileiro.
ALGUNS
TIMES JÁ VOLTARAM AOS TREINOS. ISSO NÃO PODE REPRESENTAR UMA VANTAGEM
COMPETITIVA LÁ NA FRENTE ?
- A
volta das competições tem de ser baseada primeiramente nas condições de saúde,
com as curvas controladas e com os protocolos praticados. Fizemos algo muito
sensato no começo de maio, ao permitir que cada federação e clube avaliasse
dentro da realidade o que era possível. Pela nossa previsão, nosso calendário
deve ser retomado em cima das competições estaduais, para que quando comece os
torneios nacionais, os clubes já tenham o preparo e o condicionamento
adequados.
E COMO A
CONMEBOL ACOMPANHA O PROCESSO NO BRASIL ?
- Semana
passada tivemos uma videoconferência com a Conmebol. Tivemos um longo debate
sobre isso. Deixamos claro que vamos trabalhar neste momento com preferência
para as competições do calendário brasileiro, esperando que a Conmebol fizesse
alguma definição que fosse mais tarde dos que as nossas decisões. Nossa
sequência é: competições estaduais e depois as nacionais. Até agora é
plenamente possível cumprir o calendário brasileiro. Podemos aproveitar datas
que não são aproveitadas e se necessário, algumas datas do início de 2021.
ENTÃO É
POSSÍVEL O BRASILEIRO TERMINAR SÓ EM JANEIRO ?
- Sim.
Eu diria que quando a gente iniciou a parada, nós começamos a pensar nos
mecanismos de flexão que teriam de ser acrescentados ao calendário para
podermos ter condições de terminar as competições. Por isso que trabalhamos com
a extensão das férias dos atletas para ter a liberação do período entre Natal e
Ano Novo. Seria possível fazer um calendário até 2021 e também iniciamos algo
que vem sentido mantido, de diálogo com a Federação dos Atletas para termos a
redução do tempo entre as partidas.
COMO
FICARIAM OS CONTRATOS DE JOGADORES? MUITOS DOS ATLETAS TÊM VÍNCULOS SÓ ATÉ 31
DE DEZEMBRO ?
- É
um problema que vem sendo pensado no plano da legislação. Tem um projeto de lei
para resolver algumas questões e uma delas é esta, a possibilidade de se
assinar um contrato por só 30 dias (nota de redação: o contrato mínimo
permitido atualmente é de 90 dias de duração). Talvez seria em situação
emergencial uma solução, por ter contratos mais curtos. Nós sabemos as
dificuldades dos clubes em manter salários. Isso ainda está sendo tratado. Tem
várias questões em andamento, ainda sem respostas.
COMO TEM
SIDO FEITO O PROTOCOLO MÉDICO DA CBF PARA A VOLTA DOS TIMES AOS TREINOS ?
- Fazemos
atualizações quase que diárias, porque as mudanças sobre a pandemia são
constantes, com o conhecimento de novos testes. Temos conduzido esse trabalho
junto com o Ministério da Saúde sem nenhum tipo de pressão ou açodamento.
- Nós
estamos acompanhando a evolução da epidemia. O protocolo está muito bem
elaborado, participaram mais de 150 médicos do futebol, tem seis pareceres de
infectologistas renonados e epidemiologistas. Procuramos o máximo de construção técnica
sobre a perspectiva do retorno.
COMO TEM
SIDO A PARTICIPAÇÃO DE INFECTOLOGISTAS, QUE SÃO OS GRANDES ESPECIALISTAS NO
TEMA ?
- A
nossa referência maior é o infectologista Sérgio Wey, que inclusive foi meu
colega de faculdade. Ele deu um parecer em que relata sobre como acompanhou
esse trabalho.
- Nós enviamos também à Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)
e temos um parecer do diretor técnico da SBI, que faz todas as considerações.
Nós só não divulgamos ainda porque como está no plano do Ministério da Saúde.
- As participações dos infectologistas e epidemiologistas têm sido fundamental.
Eles que dão a característica complementar à experiência acumulada pelos
médicos de futebol. Foi uma combinação perfeita.
QUEM VAI DAR O AVAL FINAL
PARA LIBERAR O FUTEBOL ?
- Desde
o início a gente falou que não daríamos um passo sem as recomendações do
Ministério da Saúde, tendo em vista que a CBF é uma instituição nacional. Mas
não deixa de ser fundamental a avaliação das secretarias municipais e estaduais
de saúde.
AS TROCAS
NO MINISTÉRIO DA SAÚDE INTERFEREM ?
- Não.
Em nenhum momento demos dimensão política ao fato. A gente sempre conversou na
área técnica. É fundamental que nossa decisão tenha caráter científico. Não há
componente político.
QUANDO VOLTAR, SÓ TEREMOS
JOGOS COM PORTÕES FECHADOS?
- Eu
não diria que temos isso claro. Mas em nenhuma hipótese pensamos na retomada
com os portões abertos. Claro que sempre estará no horizonte pensar em jogos
com torcida, distanciamento e cuidados, mas eu diria que agora é uma questão
distante de ser tratada. Estamos agora pensando no retorno dos treinamentos,
distanciamento social preservado, acompanhamento diário.
A CBF
PRETENDE BANCAR OS TESTES DE ALGUNS TIMES ?
- Nas
primeiras conversas que tivemos com o Ministério de Saúde, como o futebol se
tornou um exemplo importante para fazer as pessoas se distraírem, até se
levantou a possibilidade de o Ministério fornecer testes. Mas isso não era
possível nem adequado. Estamos agora avaliando preços, origem dos testes e
qualidade.
- A cada momento aparece um teste novo. Como a Série A e a Série B têm
vários clubes voltando, estão fazendo por iniciativa própria. Estamos em um
momento de avaliação, de custo, de mercado, de fazer avaliação disso. Neste
momento não tem nenhuma sinalização de se discutir valores. Os preços são altos
e a quantidade é grande.
COMO A CBF
LIDA COM ESSA PRESSÃO ?
- O
Flamengo e o Vasco chegaram a se reunir com o presidente Jair Bolsonaro.
Algumas federações estaduais também já se manifestaram a favor do retorno.
- Eu
diria que o presidente (da CBF) Rogério Caboclo tem muita clareza sobre isso. O
retorno só se dará em cima da segurança em saúde. Em nenhum momento vamos
ultrapassar a linha da responsabilidade. A gente acha que isso tem de ser
local.
- Algumas
federações avançaram muito nisso, como Santa Catarina, Paraná e Rio e Janeiro.
As vontades locais não interferem no plano nacional.
- Nossa
tarefa é dar todo o apoio possível. Vamos aguardar o Ministério da Saúde para
que se possa fazer o retorno. Não há pressão política fora do sistema de saúde
que altere o posicionamento da CBF.
É POSSÍVEL
FAZER ALGUMA PREVISÃO DE QUANDO O FUTEBOL VOLTARÁ ?
- Nós
estamos exatamente no pico da pandemia. E não sabemos o tamanho do platô desse
pico. Temos muitos elementos positivos, como a articulação com as federações e
o diálogo com os clubes. Mas a recomendação expressa que tenho do presidente
Caboclo é para não dar nenhuma data ainda. Ou seja, estamos fazendo tudo
correto, de forma sensata, mas ainda não falamos em prazo.
Fonte:
CBF - Confederação Brasileira de Futebol