* MATÉRIA ATUALIZADA *
ATÉ DIA 23-JULHO-2020 * QUINTA-FEIRA * DIA DE SANTA BRÍGIDA *
JOGOS OLIMPICOS –
COI ESTA INSEGURO
COI NÃO SABE SE JOGOS OLIMPICOS SERÃO CANCELADOS
- O relógio que registra a contagem
regressiva em Tóquio anuncia: faltam 365 dias para a abertura das Olimpíadas. Parece
até um déjà vu. O marco de um ano para os Jogos, celebrado em 2019, volta a ser
comemorado nesta quinta-feira. Só que agora o clima não é de festa, é de
incerteza.
- Em meio à pandemia do
coronavírus, o Comitê Organizador de Tóquio tenta acabar com as dúvidas
decorrentes do adiamento dos Jogos para 2021. Uma série de perguntas sem
respostas. Afinal, vai ter Olimpíada?
- Comitê Olímpico Internacional
(COI), Comitê Organizador de Tóquio, as autoridades do Japão... Ninguém tem uma
resposta definitiva para a realização dos Jogos entre 23 de julho e 8 de agosto
de 2021. É o toque do imponderável trazido pela pandemia e por um inédito
adiamento das Olimpíadas.
VAI TER OLIMPÍADA?
- O Comitê Organizador de Tóquio e
o COI trabalham para que as Olimpíadas de fato aconteçam em 2021, mas nem tudo
está nas mãos dos cartolas. É preciso que a pandemia do coronavírus esteja
controlada em todo mundo para que torcedores, profissionais e, principalmente,
atletas de todo mundo possam ir ao Japão.
- Não acredito que qualquer um
possa dizer se vai ser possível controlar a situação até julho de 2021, ou não.
Certamente não estamos em uma posição de dar uma resposta clara. Decidimos
adiar os Jogos em um ano, então isso significa que tudo que podemos fazer é
trabalhar duro para nos preparar para os Jogos. Esperamos sinceramente que no
próximo ano a humanidade consiga superar essa crise do coronavírus - disse
Toshiro Muto, diretor-executivo do Comitê Organizador de Tóquio.
- Desde maio Thomas Bach,
presidente do COI, admite que os Jogos devem ser cancelados caso a pandemia do
coronavírus não permita sua realização em 2021. Não há plano B. Um novo
adiamento já foi descartado.
- Uma pesquisa recente realizada
no Japão apontou que apenas 23,9% da população do país-sede dos Jogos acredita
que as Olimpíadas vão ser realizadas em 2021.
- Como garantir que a Olimpíada
não dissemine novamente o coronavírus?
- Antes da pandemia, Tóquio
esperava receber 11 mil atletas olímpicos e de 4.400 paralímpicos para os
Jogos, além de toda a comissão técnica, centenas de jornalistas, 80 mil
voluntários e milhares de torcedores de todo o mundo. Uma aglomeração de
pessoas que pode se tornar o epicentro de um novo surto do coronavírus, segundo
especialistas médicos.
- Como evitar a disseminação do
coronavírus durante os Jogos é a pergunta-chave para a realização do evento e
também a mais difícil de responder. O COI conta com o apoio da Organização
Mundial da Saúde (OMS) para encontrar uma solução e oferecer um ambiente
seguro. Os organizadores das Olimpíadas acompanham o desenvolvimento da
pandemia para traçar um plano de contenção de riscos. No entanto, nenhuma
medida concreta ainda foi anunciada.
- Ainda não podemos detalhar muita
coisa. Em muitos países, você não sabe quais as medidas serão tomadas amanhã
quando sair de sua casa, se precisa usar a máscara ou não, se pode ir na rua ou
não. Como saber em detalhes sobre talvez a mais complexa organização do mais
complexo evento para se organizar no mundo? Não dá para se dizer que há uma
solução hoje - disse Thomas Bach, presidente do COI.
É PRECISO TER VACINA?
- A maior esperança para as
Olimpíadas é a descoberta de uma vacina contra o coronavírus. A Associação de
Médicos do Japão (JMA) acredita que vai ser difícil Tóquio sediar os Jogos em
2021 sem que uma vacina efetiva seja desenvolvida e disseminada mundo afora. O
COI, por sua vez, evita condicionar a realização das Olimpíadas à descoberta de
uma vacina.
COMO AGLOMERAR TORCEDORES COM SEGURANÇA?
- O COI quer que as Olimpíadas de
Tóquio sejam um símbolo de união dos povos em um mundo pós-pandemia. Os
organizadores mantêm a previsão do número de torcedores. Quase 4,5 milhões de
ingressos já tinham sido vendidos para 2020 e terão validade estendida para
2021, segundo a imprensa japonesa. Sem anunciar um plano concreto de segurança
contra a disseminação do coronavírus, o COI considera reduzir o número de
torcedores nas arquibancadas para garantir certo distanciamento.
- É um dos cenários que precisamos
olhar, mas ainda é muito cedo para dizer. Não é o que queremos, gostaríamos de
ver os estádios cheio de pessoas entusiasmadas e dar a elas todas as
oportunidades de viver a experiência olímpica e apoiar os atletas - disse
Thomas Bach.
- Atualmente, o Japão recusa a
entrada de pessoas que não sejam japonesas e que estiveram em vários países do
mundo nos últimos 14 dias, incluindo Brasil, Estados Unidos, China e países
europeus, exceto em circunstâncias especiais. Realizar as Olimpíadas apenas com
torcedores japoneses é uma solução rejeitada pelo COI.
- Há especialistas que propõem
realizar os Jogos com portões fechados como última hipótese. No entanto, não
ter torcedores na arquibancada não está nos planos do COI, já que os ingressos
são uma importante fonte de receita, apesar de não ser a principal (direitos de
TV e patrocínios completam a renda).
VAI SER PRECISO QUARENTENA?
- Governadora de Tóquio, Yuriko
Koike acredita que vai ser preciso um acordo internacional de viagem para o
Japão receber com segurança atletas e torcedores de todo mundo. O país deve
relaxar as restrições atuais para a entrada de estrangeiros. Além de testagens
para covid-19, as autoridades japonesas acreditam que um período de quarentena
vai ser necessário para todos que ingressarem no país, de torcedores a atletas.
Até o momento não foi anunciado nenhum detalhe sobre os protocolos de uma
possível quarentena.
- Talvez seja preciso quarentena
para os atletas, para parte dos atletas, para outros participantes... Há tantas
opções diferentes que não é fácil resolvê-las agora. Quando tivermos uma visão
clara de como será o mundo em 23 de julho de 2021, tomaremos as decisões apropriadas
- disse Thomas Bach.
- QUANTO VAI CUSTAR O ADIAMENTO DOS JOGOS?
Uma operação inédita como o adiamento
das Olimpíadas tem um custo elevado. O Comitê Organizador promete transparência
com as contas, apesar de não detalhar as previsões de gastos. Especialistas
estimam que o valor adicional provocado pelo adiamento gire em torno de US$ 2,7
bilhões (mais de R$ 14 bi na cotação atualizada). Assim, o custo total dos
Jogos pode ultrapassar os US$ 16 bilhões (mais de R$ 83 bi).
- Alguns economistas japoneses
sugerem que cancelar as Olimpíadas seja a solução mais eficaz financeiramente
para o Japão.
QUEM PAGA A CONTA DO ADIAMENTO DOS JOGOS?
- Desde o anúncio do adiamento dos
Jogos, em março, o COI e as autoridades japoneses não se entendem sobre a
divisão de responsabilidade com as contas extras das Olimpíadas. Em um primeiro
momento, o COI afirmou que Shinzo Abe, primeiro-ministro do Japão, concordou
que o país continuasse a cobrir os custos. Tal acordo logo foi negado pelo
secretário-chefe do gabinete japonês, Yoshihide Suga.
- No fim de abril, o COI admitiu
que teria de gastar "centenas de milhões de dólares" com o adiamento
dos Jogos e aumentou aos comitês olímpicos nacionais em US$ 25 milhões (mais de
R$ 130 milhões) através do fundo de Solidariedade Olímpica.
- Em maio, o COI anunciou a
criação de um fundo de US$ 800 milhões (mais de R$ 4,1 bilhões) para cobrir o
impacto financeiro da crise do coronavírus no esporte. Destes recursos, US$ 150
milhões (mais de R$ 780 milhões) foram destinados às organizações do Movimento
Olímpico, como federações internacionais de esportes e comitês olímpicos
nacionais. Para a organização dos Jogos de Tóquio foram destinados US$ 650
milhões (mais de R$ 3,3 bilhões).
- O valor corresponde a cerca de
24% do estimado para os custos extras das Olimpíadas. Os outros 76% parecem ter
sobrado para os japoneses. Por isso, cortar custos virou um mantra para o
Comitê Organizador, que estuda maneiras de simplificar os Jogos.
COMO SIMPLIFICAR OS JOGOS?
- Com todo o cenário atual, os
japoneses querem uma Olimpíada mais simples e mais barata. As mudanças podem
incluir a redução do número de torcedores nas arenas, do número de atletas
participantes e da magnitude das cerimônias de abertura e encerramentos.
. Algumas soluções, porém,
encontram barreiras junto ao COI, a exemplo das cerimônias dos Jogos. Os
japoneses sugeriram unificar a abertura e o encerramento das Olimpíadas e das
Paralimpíadas, realizando apenas duas cerimônias em vez de quatro, algo que seria
inédito. Na semana passada, Thomas Bach colocou a decisão nas mãos do Comitê
Organizador, mas ressaltou que as cerimônias são a grande vitrine dos Jogos. Os
japoneses, porém, não sabem como fazer com os ingressos já vendidos.
- Outra medida estudada pelo Comitê
Organizador para simplificar os Jogos é diminuir o revezamento do tocha. A
chama olímpica chegou a ser acesa na Grécia e a viajar para o Japão às vésperas
da pandemia, mas não chegou a rodar o país-sede. Ficou em exposição em
Fukushima até ser guardada em lugar secreto para evitar aglomeração de pessoas
em torno do fogo olímpico. Ainda não há uma definição do novo roteiro da tocha.
Quando o COI vai dar a palavra final
- O COI não estabeleceu
oficialmente nenhum prazo para ter todas essas perguntas respondidas. O
australiano John Coates, vice-presidente do COI e chefe da Comissão de
Avaliação do COI para os Jogos de Tóquio, apontou outubro como mês crucial para
definir a viabilidade de realizar as Olimpíadas ou cancelá-las de vez. A
declaração logo foi minimizada pelos organizadores japoneses.
- Em junho, mais um membro do COI,
desta vez o belga Pierre-Oliver Backers, foi a público para colocar um prazo
para a resposta final sobre os Jogos: março de 2021. A data, porém, não foi
confirmada pelo entidade máxima do Movimento Olímpico. A tendência é de que o
COI espere até o último momento possível em caso de um cancelamento, seguindo a
mesma postura que teve no adiamento para 2021.
Fonte: COI/globoesporte.com